No meu coração crioulo eu tenho origem charrua Sou liberto como a lua que a grande noite embriaga Brinco no fio de uma adaga quando o amor é promessa Pois sempre o perigo impeça Depois que o candeeiro apaga Gosto de uma milonga debaixo de uma ramada Tendo a viola requintada num bordadeio chorado Enquanto a china ao meu lado me olha com picardia Caramba que judiaria se não houvesse o pecado Numa carreira de amor é lindo largar de atrás Ainda se grita no mais só pra assustar o parceiro Todo índio tarimbeiro sabe que china com manha É carreira que se ganha, mas tem que judiar primeiro Pro amor sou calavera, pois a vida é uma roleta E a malíssima carpeta dá um gosto lindo no jogo Pra mulher com olhar de fogo sempre faço jogo aberto Porém quando não dá certo começo tudo de novo Por isso que sempre digo pra invernada do infinito Quero chegar despacito milongueando sem rancor Dando a china minha flor chorando na cruz de estrada Minha última clavada na cancha de osso do amor